Para nós, popularmente, esse dia é chamado de Finados. Oficialmente, na liturgia da igreja se diz: COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS.
Não há preceito da Igreja sobre o luto. Fica a critério dos familiares, conforme costumes e o bom senso. Sem negar a morte, a Igreja valoriza a Vida, a esperança certa da vida eterna.
A Igreja católica vê a morte à luz da morte de Jesus. E a morte de Jesus sempre vem acompanhada da sua ressurreição, que é a vida nova conquistada pela morte. Jesus Cristo é o Senhor dos vivos e dos mortos.
Tríduos. Inicialmente, eram sete dias, número bíblico que significa plenitude. Tem grande sentido a oração durante os três dias junto aos familiares, o que lhes é um grande conforto, com certeza. Três também é um número sagrado, lembrando a Trindade.
Diante das inúmeras mortes que assistimos diariamente, constatamos tristemente que realmente se vive uma cultura de morte hoje. Nossa missão como cristãos é neutralizar essa cultura com a cultura cristã da solidariedade.
Jesus Cristo, “Ele é o único Libertador e Salvador que, com sua morte e ressurreição, rompeu as cadeias opressivas do pecado e da morte, revelando o amor misericordioso do Pai e a vocação, dignidade e destino da pessoa humana.” (DAp 6)
Cristo nos tira das trevas e da sombra da morte (cf Lc 1,79). Ele, sendo o Senhor, se fez servidor e obediente até a morte de cruz (cf Fl; 2,8). “Sua vida é uma entrega radical de si mesmo a favor de todas as pessoas, consumada definitivamente em sua morte e ressurreição. Por ser o Cordeiro de Deus, Ele é o Salvador. Sua paixão, morte e ressurreição possibilita a superação do pecado e a vida nova para toda a humanidade. Cristo, “Ele é o vivente, que caminha a nosso lado, manifestando-nos o sentido dos acontecimentos, da dor e da morte, da alegria e da festa”. (Bento XVI) Ele preenche nossas vidas de “sentido”, de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Cristo aceitou livremente a morte para que na sua morte-ressurreição, todos pudessem ter a vida para sempre.
Diante do desespero de um mundo sem Deus, que só vê na morte o final definitivo da existência, Jesus nos oferece a ressurreição e a vida eterna na qual Deus será tudo em todos (cf 1 Cor 15,28). Diante da idolatria dos bens terrenos, Jesus apresenta a vida em Deus como valor supremo: “De que vale alguém ganhar o mundo inteiro e perder a própria vida?”(Mc8,36). A vida é o valor sagrado, desde a sua concepção até a sua morte natural. Só o Senhor é autor e dono da vida. O ser humano, sua imagem vivente, é sempre sagrado, em todas as circunstâncias e condições de sua vida. Diante das estruturas de morte, Jesus faz presente a vida plena: “Eu vim para dar vida a todos e para que a tenham em plenitude”(Jo 10,10).
Diferentemente dos ídolos, Deus é o “Deus vivo”(Dt 5, 26) que liberta, que perdoa incansavelmente e que restitui a salvação perdida quando o povo, envolvido “nas redes da morte” (Sl 116,3), suplicante a Ele se dirige: “Não é um Deus de mortos, mas de vivos”(Mc 12,27). Para Deus todos vivem. Jesus nos revelou o Reino de vida do Pai, que alcançará sua plenitude lá onde não haverá mais “nem morte, nem luto, nem pranto, nem dor, porque tudo o que é antigo terá desaparecido”(Ap 21,4). Os discípulos não tinham sido capazes de compreender que o sentido da vida de Cristo selava o sentido de sua morte. Muito menos podiam compreender que, segundo o projeto do Pai, a morte do Filho era fonte de vida fecunda para todos. O mistério pascal de Jesus (paixão-morte, ressurreição) é o ato de obediência e amor ao Pai e de entrega por todos os seus irmãos. Com esse ato, o Messias doa plenamente aquela vida que oferecia nos caminhos e aldeias da Palestina. Por seu sacrifício voluntário, o Cordeiro de Deus oferece sua vida nas mãos do Pai, que o faz salvação para nós.
Sigla: DAp= Documento de Aparecida.
Padre Irineu Brisch. Entre em contato através do email irineuobrisch@hotmail.com