segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Encontros em Preparação ao Natal

Vigiai! Ficai atentos! Cuidado!  São palavras de ordem a nós dirigidas neste tempo de advento, e que pedem atitudes de mudanças em favor da  vida .
O Rei está para chegar, o Príncipe da Paz!     Antes de mais nada,  VIGIAR!   Não podemos dormir no ponto.
É certo que ele virá um dia na sua glória e majestade, para julgar a cada um, conforme  suas obras, sua maneira de ter vivido com os demais, sobretudo sua atenção ou seu descaso para com os mais necessitados  (Mt 25,31-46).
Preparamo-nos também para celebrar aquilo que constitui a sua primeira vinda – sua encarnação em nossa história, quando se fez um de nós, menos no pecado.
Neste tempo de espera vigilante é preciso estar atento a cada momento, a cada pessoa que cruza o nosso caminho, aos acontecimentos, às surpresas da vida.
No tempo litúrgico de Advento não podemos deixar de contemplar o mistério da Virgem Maria, Imaculada, Mãe de Deus.  Com Maria aprendemos grandes lições para a  vida, neste tempo de incerteza em que vivemos.
“Virgem, isto é, totalmente desvinculada dos “enganos” deste mundo e apenas conectada com a pureza do Mistério originário da vida, nela possibilitou-se a maravilha da Encarnação, a saber: a pureza do Mistério profundo da vida, por obra do Espírito Santo, assumiu forma humana  sobre este nosso pequenino planeta  terra  e, neste mistério nós nos eternizamos.  Na gravidez de Maria, nossa mãe Terra e, nesta, todos nós nos tornamos grávidos da Presença viva do Amor divino e eterno que a tudo permeia” ( José Ariovaldo da Silva, Resgate sua criança interior! Regras de ouro para viver o Advento num tempo de incertezas, em: Revista Grande Sinal, Petrópolis, 2010,p.668).
Com o livrinho preparado pela CNBB, participe você também, dos encontros de Família, preparando-se para o Santo Natal do  “Bendito fruto do ventre” de Maria Imaculada.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Reino

Celebrando a Solenidade de Cristo Rei, próximo dia 20, a Igreja encerra  o ano litúrgico. Mateus, no capítulo 25, apresenta os três “passos” sobre o que precisa ser feito agora em vista do “fim”:  é preciso adquirir  o óleo (=o Espírito Santo), que consiste em redobrar o dom de amor recebido (talentos), amando Jesus nos irmãos mais  pequenos (vv.31-46).
O julgamento que o rei – Jesus, em sua condição glorificada – fará de nós no “fim” é o mesmo que nós fazemos dos pobres agora. Na realidade, nós é que O julgamos, acolhendo-o ou rejeitando-o.  Ele não fará senão constatar o que nós fizemos. No fim, lerá o que nós mesmos escrevemos com a nossa vida.   Somos julgados por aquilo que fizemos ao outro. O outro que nós vemos é sempre o Outro que nós não vemos. O primeiro mandamento que é semelhante ao segundo.  O Senhor se fez nosso próximo e está sempre conosco no sinal do Filho do Homem (Mt 24,30), assim como foi o sinal de Jonas (Mt 19,39): o do Crucificado, que tem o rosto de todos os condenados da terra!
À pergunta de Pilatos, se é rei ou não, Cristo reponde: “Tu o dizes”(Mc 15,2).    Porém,  deixa bem claro- “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36).  Na Oração dominical dizemos: “Venha a nós o vosso reino” (MT 6,10).
Cristo cumpriu a Missão. A humanidade está glorificada em  Cristo.  A  história terminará positivamente.  Temos razões para crer, amar e esperar. E enquanto esperamos a manifestação gloriosa de Cristo e do seu  Reino, abrimos o coração e arregaçamos  as mangas para construir, com Ele, o reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino  da  justiça,  e da  paz, da  liberdade e do amor, como a igreja ora nesta solenidade de Cristo Rei.  No fim seremos julgados pelo que não fizemos: “em verdade, em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos,  foi  a Mim que não o fizestes” (Mt 25, 45).  
Padre Irineu Brisch

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Talento

Para saber a origem da palavra, talento significa peso (35 quilos) ou moeda da antiguidade grega e romana.
No capítulo 25 de Mateus, após a cena  nupcial das moças (umas insensatas, outras prudentes) indo ao encontro do noivo, com suas lâmpadas.  Aqui  (Mt 25, 14-30)  somos transportados ao mundo da economia, que também vale para explicar o reinado de Deus. A simples expectativa e vigilância se convertem e culminam em responsabilidade para a ação no mundo.  A responsabilidade é proporcional ao “talento” recebido para o serviço.  Prêmio e castigo pela administração se orientam para o julgamento definitivo. O relato se concentra no serviço ao patrão, dono único do dinheiro.  O patrão, - Deus, na parábola-  reparte livremente, não de qualquer jeito, seu dinheiro, considerando “a capacidade de cada um”. Também essa capacidade é dom:  “E não digas: Por minha força e pelo poder de meu braço criei para mim estas riquezas.  Lembra-te do Senhor teu Deus. É ele quem te da força para te criar essas riquezas, e assim mantém a promessa que fez a teus pais, como o faz  hoje” (Dt 8, 17-18).
O texto diz que o Senhor “partiu para longe”, primeiro na cruz, depois, na glória. Mas, conforme sua promessa, não nos deixou órfãos. Deixou-nos seu Espírito e espera ser sempre amado por nós, para que possamos, no Espírito, tornar-nos como ele, filhos e irmãos, filhas e irmãs.
Estamos no penúltimo domingo do ano litúrgico, onde a Palavra acentua bem o tema da vigilância. Vigilância não é  ócio, nem inércia, mas prontidão e ação. Um vigia noturno parece não fazer nada, mas está atento. Parece inerte, mas observa todos os movimentos.  Ao menor alarme, parte para a missão. A vigilância vira ação. Quem não investe o talento, perde; quem não ama, não vive.     
Com a Igreja oramos: Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas.

Fale com o Pe. Irineu atrávés do e-mail irineuobrisch@hotmail.com . Faça o seu comentário e peça a sua oração

domingo, 30 de outubro de 2011

Finados

Para nós, popularmente, esse dia é chamado de Finados. Oficialmente, na liturgia da igreja se diz: COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS.
Não há preceito da Igreja sobre o luto. Fica a critério dos familiares, conforme costumes e o bom senso.  Sem negar a morte, a Igreja valoriza a Vida, a esperança certa da vida eterna.  
A Igreja católica vê a morte à luz da morte de Jesus. E a morte de Jesus sempre vem acompanhada da sua ressurreição, que é a vida nova conquistada pela morte. Jesus Cristo é o Senhor dos vivos e dos mortos.
Tríduos. Inicialmente, eram sete dias, número bíblico que significa plenitude. Tem grande sentido a oração durante os três dias junto aos familiares, o que lhes é um grande conforto, com certeza.   Três também é um número sagrado, lembrando a Trindade.
Diante das inúmeras mortes que assistimos diariamente, constatamos tristemente que realmente se vive uma cultura de morte hoje. Nossa missão como cristãos é neutralizar essa cultura com a cultura cristã da solidariedade. 
Jesus Cristo, “Ele é o único Libertador e Salvador que, com sua morte e ressurreição, rompeu as cadeias opressivas do pecado e da morte, revelando o amor misericordioso do Pai e a vocação, dignidade e destino da pessoa humana.” (DAp 6)
Cristo nos tira das trevas e da sombra da morte (cf Lc  1,79). Ele, sendo o Senhor, se fez servidor e obediente até a morte de cruz (cf Fl; 2,8).   “Sua vida é uma entrega radical de si mesmo a favor de todas as pessoas, consumada definitivamente em sua morte e ressurreição. Por ser o Cordeiro de Deus, Ele é o Salvador. Sua paixão, morte e ressurreição possibilita a superação do pecado e a vida nova para toda a humanidade. Cristo, “Ele é o vivente, que caminha a nosso lado, manifestando-nos o sentido dos acontecimentos, da dor e da morte, da alegria e da festa”. (Bento XVI)  Ele preenche nossas vidas de “sentido”, de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Cristo aceitou livremente a morte para que na sua morte-ressurreição, todos pudessem ter a vida para sempre.
Diante do desespero de um mundo sem Deus, que só vê na morte o final definitivo da existência, Jesus nos oferece a ressurreição e a vida eterna na qual Deus será tudo em todos (cf  1 Cor 15,28).  Diante da idolatria dos bens terrenos, Jesus apresenta a vida em Deus como valor supremo: “De que vale alguém ganhar o mundo inteiro e perder a própria vida?”(Mc8,36).   A vida é o valor sagrado, desde a sua concepção até a sua morte natural.   Só o Senhor é autor e dono da vida. O ser humano, sua imagem vivente, é sempre sagrado, em todas as circunstâncias e condições de sua vida. Diante das estruturas de morte, Jesus faz presente a vida plena: “Eu vim para dar vida a todos e para que a tenham em plenitude”(Jo 10,10).
Diferentemente dos ídolos, Deus é o “Deus vivo”(Dt 5, 26) que liberta, que perdoa incansavelmente e que restitui a salvação perdida quando o povo, envolvido “nas redes da morte” (Sl 116,3), suplicante a Ele se dirige:  “Não é um Deus de mortos, mas de vivos”(Mc 12,27). Para Deus todos vivem.  Jesus nos revelou o Reino de vida do Pai, que alcançará sua plenitude lá onde não haverá mais “nem morte, nem luto, nem pranto, nem dor, porque tudo o que é antigo terá desaparecido”(Ap 21,4).  Os discípulos não tinham sido capazes de compreender que o sentido da vida de Cristo selava o sentido de sua morte. Muito menos podiam compreender que, segundo o projeto do Pai, a morte do Filho era fonte de vida fecunda para todos. O mistério pascal de Jesus (paixão-morte, ressurreição) é o ato de obediência e amor ao Pai e de entrega por todos os seus irmãos. Com esse ato, o Messias doa plenamente aquela vida que oferecia nos caminhos e aldeias da Palestina. Por seu sacrifício voluntário, o Cordeiro de Deus oferece sua vida nas mãos do Pai, que o faz salvação para nós.
Sigla:  DAp=  Documento de Aparecida.
Padre Irineu Brisch. Entre em contato através do email irineuobrisch@hotmail.com

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Próximo de Deus

Domingo, dia 23/10, comemorou-se o Dia Mundial das Missões. Conforme a Palavra, celebramos o ensinamento de Jesus sobre o coração da lei: o amor a Deus e ao próximo. Na verdade, não são dois amores, mas um único amor em dois níveis e em duas direções. O amor a Deus se concretiza no amor ao próximo; e o amor ao próximo se fundamenta no amor a Deus. Vemos, assim que o cristianismo pode ser sintetizado numa única palavra: amor. Viver e cultivar o amor  é tudo. Fazer tudo o mais e não amar é jogar fora a vida. A missão da Igreja consiste justamente nisso: deixar-se envolver pelo amor de Deus. Anunciar o amor de Deus a todos.
O amor, além de envolver a mente e o coração, tem a ver com a vida. O amor é alegria no coração pelo bem do outro, bem diferente da inveja. O amor se exprime pela boca através do louvor: bem diferente da maledicência. O amor se realiza também pelas mãos, que se põem a servir, bem diferente da opressão. O amor precisa de afeto, de palavras, mas, sobretudo, de fatos: “filhinhos, amemos não com palavras, mas, com fatos e em verdade” (1Jo3, 18). 
Os fariseus tinham 613 obrigações e proibições.  O mandamento de Jesus é único, em duas direções: amar a Deus e amar ao próximo. É amando o irmão que amamos a Deus. “A relação originária com Deus é o amor ao próximo” (Karl Rahner).  O amor é o cumprimento da lei (Rm 13,10) porque nos torna semelhantes Áquele a quem fomos criados semelhantes: torna-nos filhos perfeitos como o Pai (Mt 5, 48).  Somos chamados a essa perfeição. Estamos a caminho. Você também participa dessa grandiosa Missão!  
Um abraço! Pe. Irineu

Peça a sua benção ou envie o seu comentario para irineuobrisch@hotmail.com

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Leitura Orante da Bíblia

Uma das maneiras de conhecermos a Bíblia é através da Leitura Orante (em latim se diz Lectio Divina= leitura divina), originada no século quinto depois de Cristo. Muitos cristãos já adotam, individual ou em grupo, este tipo de leitura da Bíblia para alimentar a sua fé, a sua esperança, o seu amor e seu compromisso com o Senhor e com os irmãos e irmãs. A Bíblia é a Palavra de Deus, e é para ser conhecida, orada, amada e vivida!
Como fazer a Leitura Orante?
1.       Ao iniciar a Leitura Orante você já deve ter escolhido o texto que deseja ler e rezar. Deve ter consciência de que vai ler a Bíblia não para estudar simplesmente ou para aumentar seus conhecimentos, nem preparar algum  trabalho pastoral. Você vai ler a Palavra de Deus para escutar o que Deus tem a lhe dizer. É importante que você se coloque numa atitude de despojamento e abertura para ouvir. Em você deve estar a mesma disposição que o velho Eli recomendou a Samuel: “Fala, Senhor, que teu servo escuta”(1Sm 3, 10)! Sua atitude deve ser a mesma atitude obediente e despojada de Maria: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra”  (Lc 1, 38).
2.       Antes  de começar a leitura, encontre ou crie um ambiente que ajude o recolhimento e a escuta: coloque-se numa posição confortável, preste atenção aos próprios sentimentos, acalme-se de toda agitação.
3.       Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que pode garantir a docilidade e a abertura interior para acolher e descobrir o sentido da Palavra de Deus para nós hoje.  Agora, você pode percorrer os passos do método da leitura orante:
a)      1_0  passo: leitura – o texto em si. Faça a leitura atenta, calma, perseverante do texto. É diferente de devorar palavras. Vá ao texto com um olhar de quem o lê pela primeira vez, mesmo que já o tenha lido. Entre em relação com o texto e, por meio dele, com o autor. Pode ler mais vezes. Preste atenção nos personagens, anote  palavras ou frases que mais chamaram sua atenção
b)      2_o  passo: meditação – O que Deus fala para nós por meio do texto. Esse é o momento para repetir, mastigar, entrar em diálogo com o texto, para que o sentido do texto se atualize e penetre em sua vida. Fazer como Maria que “guardava e meditava em seu coração” (Lc 2,19,51) e, assim, você descobrirá que a “palavra está ao seu alcance, está em sua boca e em seu coração, para que você a possa cumprir” (Cf  Dt 30,14).
c)       3_o  passo: a oração – o que o texto nos faz dizer a Deus. A força que vem da Palavra, quando é levada a sério pela leitura repetida e pela meditação, fala aos nossos sentimentos e faz brotar em forma de agradecimento, de perdão, e intercessão.
d)      4_o  passo: contemplação – um novo olhar a partir de Deus. Esse é o último passo da leitura orante.  Ponto de chegada e novo começo. Contemplar é saborear, desde já, algo do amor de Deus que supera todas as coisas. É começar a ver o mundo e a vida com os olhos de Deus. A luz da Palavra ilumina os olhos da mente e do coração para discernir a vontade de Deus nos acontecimentos de cada dia.
Um abraço! Padre Irineu

domingo, 16 de outubro de 2011

Bíblia


Eis mais algumas orientações para um proveitoso contato com as Sagradas Escrituras:

*Quando lemos a Bíblia, aproximamo-nos do texto para perceber e ouvir o que  Deus quer nos falar. Mesmo que alguma coisa que lermos na Bíblia esteja confusa para nós ou nos incomoda, há sempre algo que Deus nos quer falar.
*Quando estudarmos a Bíblia, façamos de forma diferente do estudo de outro texto, isto é, em forma  de  oração, em um diálogo amoroso com Deus. Precisamos, para isso, abrir o nosso coração e a nossa mente para escutar e aprender.  Deixemos o texto falar. A Bíblia é sempre um livro surpreendente, portanto, deixemos que ela nos surpreenda.
Antes de ler a Bíblia, pedir com fé e humildade ao Senhor que envie o Espírito Santo, pois sem a ajuda do Espírito de Deus, não é possível descobrir  o sentido e o segredo amoroso que a Palavra de Deus tem para nós hoje. Escutar Deus não depende só de nós e do nosso esforço: precisamos da ajuda do próprio Deus.
*Ter presente a dimensão comunitária da leitura bíblica. Ao abrir a Bíblia, devemos  ter consciência de que ela é o livro da comunidade. O texto sagrado nasceu da experiência comunitária. Deus escolheu esse jeito para se comunicar. E, mesmo quando sozinhos, no silêncio  de uma meditação pessoal, nossa leitura bíblica deve ser em comunhão com toda Igreja, com o mundo, com o universo inteiro.
*A importância da liturgia dominical. A missa ou a celebração da Palavra são momentos privilegiados e apropriados para o contato com a Palavra, para uma escuta atenta e respeitosa de Deus. E, se tivermos o privilégio de proclamar a Palavra numa celebração, preparemo-nos, sempre e muito bem. Proclamemos com clareza, boa entonação e com respeito, pois é o próprio Deus que fala através de nós.  E este pode ser o único momento que algumas pessoas  têm para o contato com a Palavra de Deus, no texto sagrado.
*Bíblia e transformação da vida. Não nos esqueçamos jamais de que a leitura Bíblica deve nos levar a uma transformação profunda de vida.  Ela nos transforma aos poucos e, assim, começamos por adquirir a verdadeira sabedoria, que nos vem de Deus.
*O impulso missionário.  A Palavra divina nos faz missionários e missionárias, pois nos impulsiona a levá-la, com muito amor e convicção, aos outros, no desejo de fazer acontecer profundas mudanças nas relações humanas, na organização da sociedade com base na solidariedade, no amor, na justiça, na  justiça, na fraternidade e na paz.

Um abraço! Padre Irineu